"ESCREVE!", por Isabel Rosete
Estou de pé ao Luar do Mar
E esta Miséria de
não-Ser Omnipotente –
Uma personagem demoníaca que apareceu,
Hoje, na minha Vida ‑ persegue-me.
Mando-a embora.
Insiste em ficar, sem desistir.
Quer-me aqui, ali… em todos os lugares
Deste ou de qualquer outro Universo,
Sempre firme e determinada na Minha IDENTIDADE,
Para Pensar o ainda Não-Pensado,
Para Escrever o ainda Não-Escrito,
Para Dizer o ainda Não-Dito.
E insiste:
‑ Tens de ser a VOZ do TEU TEMPO
E de
TODOS OS TEMPOS!
NUNCA
TE CALES!
NUNCA DESISTAS!
(Grita-me com os olhos esbugalhados);
‑ Não te agoures com as Medíocres
E
Maledicentes vozes alheias
Que sobre
Ti lançam Indignos Rumores,
Que
sobre Ti Praguejam,
Que
são Tuas opositoras (Malditas!)
Por
Inveja de não serem Quem Tu És!
(Aconselha-me convictamente).
E insiste:
‑ ESCREVE! ESCREVE! ESCREVE…!
Escreve
as tuas Memórias os teus Desejos,
Todos
os teus Pensamentos, primando por essa VERDADE
Do
DIZER que te caracteriza,
Mesmo
que Cruel para todos os outros!
ESCREVE
sempre que a Tua VONTADE-DE-PODER
Se
revele em Ti, da mesma forma imperativa com que TE FALO!
(Grita, ainda mais alto, com os olhos ainda mais
esbugalhados,
Esbracejando violentamente).
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